Feira nacional dá visibilidade a produtos de artesãos de dezessete estados em Brasília
Por Débora Brito:
Cerca de 1500 artesãos de 17 estados expõem seus trabalhos no 9ª
Salão do Artesanato, sediado em Brasília. A feira começou na
quarta-feira (29) e representa um ganho para as vendas de artesãos.
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Estande de Alagoas. Marcelo Camargo/Agência Brasil |
Para
Francisca Gomes dos Santos, que viajou de Cuiabá a Brasília para vender
bonecos de barro, a feira representa um ganho em relação à venda média.
“É ótimo, as vendas sempre aumentam nas feiras cerca de 50%”, afirma a
artesã, que complementa a renda de aposentada com o artesanato.
Além
do aumento de vendas, a rendeira Joelma Freitas, 40 anos, moradora de
Nísia Floresta (RN), também elogiou a oportunidade de conhecer outros
artesãos e ver seu trabalho reconhecido por pessoas diferentes. “Sou
artesã desde criança, já ensinei minhas filhas e é primeira vez que vejo
meus produtos valorizados em outro estado”, comemora.
Segundo a
organização do evento, o principal objetivo é justamente dar
visibilidade ao trabalho dos artistas. “O maior desafio do artesão é
exatamente ter a vitrine pra expor. É um trabalho que geralmente é feito
dentro de casa, por famílias ou em comunidades, tem vários grupos,
associações de artesão, ribeirinhas e tudo o mais. E a grande
dificuldade deles é sempre essa, quando eu deixo meu produto exposto
numa vitrine? Como que eu chego no comprador?”, diz Leda Alves, diretora
da empresa promotora do evento.
Os organizadores esperam que a
feira, realizada em cinco dias, movimente pelo menos RS 3 milhões, valor
alcançado na última edição. “A gente não quis fazer uma projeção maior,
porque entendemos que o momento atual é de crise [econômica]”, explica
Leda.
O Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), vinculado à
Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa, do governo federal,
apoia a realização da feira em Brasília. As edições de São Paulo, Belo
Horizonte e Recife também recebem anualmente o apoio federal. Como
outras medidas para incrementar o setor de artesanato, o governo estuda
ampliar o acesso ao crédito e à qualificação para os profissionais, por
meio de um plano que está em elaboração.
Valor imaterial
Alagoas
é o estado homenageado deste ano pelo Salão. E quem expõe a diversidade
dos produtos alagoanos no estande de destaque da festa é Vânia
Oliveira, que trabalha há 35 anos como artesã. Otimista, Vânia não
acredita que o setor seja afetado pela crise e ressalta que o verdadeiro
valor da arte criada pelas mãos é o sentimento do artesão.
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Brasília - Brasília sedia o 9º Salão do Artesanato. (Marcelo Camargo/Agência Brasil) |
“Quando
você compra um artesanato, você não está comprando apenas aquela peça,
você está comprando um pouquinho do carinho, do amor que o artesão
coloca naquele trabalho. Isso é o valor imaterial, o valor sentimental,
porque toda peça dessa é feita com muito carinho, com muita dedicação. O
financeiro é bom, mas o amor que a gente tem pela arte que a gente faz é
ainda maior”, declara Vânia.
Além das tradicionais fibras de
bananeira de Maragogi e das esculturas de Boca da Mata, o estande
alagoano destaca produtos criados por detentas, que veem no artesanato
uma possibilidade de ressocialização. “Este ano a gente trouxe uma
novidade, a Fábrica de Esperança, com as mulheres da Penitenciária
Feminina de Alagoas, é um trabalho que o governo do estado vem fazendo
pra gerar renda e mostrar a elas a grande oportunidade que elas vão ter
quando sair de lá. Elas já saem de lá com a carteirinha do artesão, com
uma profissão”, afirma Vânia.
Fonte: Agência Brasil
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